Belezas de Paulo Afonso

Belezas de Paulo Afonso

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Inversão de valores

A cada dia, o que era certo parece tornar-se errado e o errado parece tornar-se certo.

Quando alguém se esforça para ser uma pessoa mais dócil e humana, pode-se notar que estranhamente ela passará a ser taxada de tola ou merecedora de descrédito. É, na verdade, antagônico e absurdo. Com freqüência, percebemos que a conduta de quebrar regras e desrespeitar normas é objeto de admiração de muitas pessoas. É perceptível no trabalho, funcionários que seriam maus exemplos, serem "seguidos" ou copiados por outros funcionários. Quando o comportamento em vez de receber reprovação, recebe admiração e ainda é imitado, torna explícito o absurdo da inversão de valores que vivenciamos.

Se há um programa televisivo que consiste em observar pessoas se relacionando e convivendo em um lugar isoladamente, percebe-se que uns personagens optam por um comportamento "rebelde" ou indisciplinado para atrair simpatia, e o pior, obtém sucesso, tornam-se os vencedores. Porque se mostraram "maus", agressivos ou impetuosos atraíram afeto e admiração. Se, indisciplina e rebeldia geram simpatia, o que pensar dos que prezam a disciplina e subordinação?

Não é o objetivo deste artigo criticar ou condenar o admirador ou o transgressor, mas sim, identificar aquilo que todos inconscientemente estão sujeitos a fazer; menosprezar o ético e enaltecer o reprovável.

Em uma universidade, torna-se clara a distinção que se faz entre condutas diferentes. Há aqueles que se dedicam aos estudos, perguntam, participam e prestam atenção às aulas, em contra partida, há os que fazem exatamente o oposto; freqüentemente ausentes das aulas por preferirem bares, e trocam grupos de estudo, por qualquer coisa que seja inútil e com aparência de indisciplina.

Não faz muito tempo, que os pais ou avós ensinavam que os homens deviam ser cavalheiros com as mulheres, ou que as pessoas deviam se respeitar. Havia o conceito de que era fundamental ao ser humano a generosidade e cordialidade, no entanto, hoje, qualquer um está sujeito a ser interpretado como antiquado ou ultrapassado se assim o fizer.

Quando alguém é notado em ações de bondade, é definido como pateta e alguém que age maldosamente, por vezes recebe aplausos, teremos, com certeza, um prognóstico de que a sociedade caminha a passos largos para um mundo amoral e repleto de conflitos.

Todos os problemas da inversão de valores apontados, refletem diretamente na convivência de qualquer grupo social. Notar-se-á na família, filhos que não respeitam os pais, e se o fizerem , serão até criticados pelos seus amigos. Teremos casais sem princípios essenciais a uma convivência duradoura e saudável. Não haverá renúncia, compreensão e bem-estar entre cônjuges, pois o homem que renunciar será tido por "dominado" e a mulher se o fizer será titulada por "Amélia".

O bom funcionário será "puxa-saco" e o negligente será exemplar. O cônjuge infiel será bem-visto e o fiel será subestimado.

Os valores são violentados todos os dias por diversos meios e atitudes nos relacionamentos. A todo o momento as pessoas são reprimidas por agirem com cordialidade e simultaneamente incentivadas a transgredirem os princípios morais.

Fica fácil entender por que Rui Barbosa disse: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".

Não se pode ignorar a grande influência dos meios de comunicação na divulgação das contravenções e a quebra de princípios como comportamento modelo.

É patente, em atuações de novelas e filmes, os maus receberem simpatia e os bons serem ridicularizados. Em Hollywood, os viciados e foras-da-lei são alvos de apreço e como mencionado anteriormente, em reality-shows os bad-boys são favoritos a vencedores.

Dependerá dos líderes, oradores, conselheiros, escritores e agentes de posições similares, propagar os bons conceitos e incutir o repúdio à má conduta, bem como reconhecer com apreço os bons costumes.

A inversão de valores compromete o convívio social e deve ser combatida com rigor por meio de pessoas comprometidas com o desenvolvimento humano e o progresso social

terça-feira, 26 de julho de 2011

53 Anos: A História de Paulo Afonso - Reedição Especial (Pesquisa e Fotos)

redacao@ozildoalves.com.br
Pesquisa: Antônio Galdino (folhasertaneja.com.br)

Clique Fotos Históricas e Atuais

28 de Julho - Aniversário de Paulo Afonso






A origem do nome PAULO AFONSO

A origem do nome Paulo Afonso dado às grandes quedas d'água do Rio São Francisco na divisa dos Estados da Bahia e Alagoas, tem versões contraditórias, algumas delas de sabor puramente popular, sem nenhuma fundamentação histórica.

Fala-se de exploradores ligados à expedição de Martin Afonso de Souza, um deles que se chamaria Paulo Afonso, que teria descoberto estas cachoeiras em 1553.

Outra versão fala de dois padres - Paulo e Afonso - que teriam sido engolidos pelas águas agitadas da grande cachoeira, quando desciam o São Francisco em tosco barco de madeira, em suas viagens de evangelização e catequese.

Estudiosos afirmam que, até 1725, não há nenhum registro, nos arquivos do Brasil e de Portugal, que se refira a estas quedas d' água com o nome de Paulo Afonso. Até esta data as quedas eram conhecidas como Sumidouro, Cachoeira Grande e Forquilha.

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Em 3 de outrubro de 1725, o português Paulo Viveiros Afonso recebeu uma sesmaria, nas terras da capitania de Pernambuco, cujo limite era o rio São Francisco, no local as grandes cachoeiras. Estendendo seus limites para o outro lado do rio, Paulo Viveiros Afonso teria criado o arraila que ficou conhecido com Tapera de Paulo Afonso.

As terras ribeirinhas da Cachoeira, ao longo do Rio São Francisco, no que seria Município de Glória, na Bahia, ficaram conhecidas como pouso das boiadas que cruzavam o sertão, pousavam ali por uns tempos e seguiam viagem até Feira de Santana, grande feira de gado, pólo comercial da época. A criação de gado era um dos esteios econômicos da região, ao lado dos engenhos de cana de açúcar.

O nome Paulo Afonso, recebido pelo município criado pela Lei Estadual 1.012, de 28 de julho de 1958, veio da Cachoeira de Paulo Afonso, de Paulo Viveiros Afonso. Este também é o nome das Usinas I, II, III e IV, construídas pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco na região, a partir do final dos anos 40, em 1949, um ano depois da criação desta empresa, acontecido em 15 de março de 1948.

Nasceu a Chesf - energia para o desenvolvimento do Nordeste

Diário Oficial da União nº 228, de 9 de outubro de 1945 publica, em sua Seção I - Atos do Governo - o Decreto-Lei nº 8031, de 3 de outubro deste ano que "autoriza a organização da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco". "Art. 1º - Fica o Ministério da Agricultura autorizado a organizar uma sociedade por ações, com séde e foro na cidade do Rio de Janeiro, destinada a realizar o aproveitamento industrial progressivo da energia hidráulica do rio São Francisco." Era o governo de Getúlio Vargas.

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Na mesma data o Decreto nº 19.706 limitava a área de ação da Chesf, compreendida numa circunferência de 450km de raio cujo centro é a Cachoeira de Paulo Afonso. As mudanças políticas no Governo Federal adiaram a criação da Chesf, que só em 15 de março de 1948, no governo de Eurico Gaspar Dutra, teve a sua primeira diretoria constituída.

Começaram as obras da primeira usina da hidrelétrica em Paulo Afonso e a construção da Barragem Delmiro Gouveia para fechar o rio impetuoso, obra genial de nordestinos sob a liderança do engenheiro Octávio Marcondes Ferraz, diretor técnico da Chesf.

A chegada da Chesf na região causou grande reboliço no Nordeste. Milhares de nordestinos chegavam para a grande obra. Houve um tempo em que eram mais de 11 mil os empregados da hidrelétrica. A sua criação gerou dois ciclos de desenvolvimento para o Nordeste: o de antes e de depois da Chesf.

Se o Nordeste sofreu tamanha influência a partir da geração de energia elétrica das usinas instaladas em Paulo Afonso, imagine o que isso representou e ainda representa para a região. Vários municípios nasceram depois da Chesf, inclusive Paulo Afonso.

O crescimento populacional da localidade foi vertiginoso com a chegada de milhares de nordestinos que mudaram seus rumos. Ao invés de irem para São Paulo, agora era Paulo Afonso o seu destino.

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A localidade de Paulo Afonso logo chegou a Distrito de Glória, em 1954 e elegeu 4 dos 9 vereadores da Câmara Municipal daquele município. Quatro anos depois o Distrito se tornava independente, virava município e nele já moravam mais de 25 mil pessoas.

Nesse tempo e por muitos anos, tudo girava em torno da Chesf. Em seu acampamento - a cidade da Chesf - estavam os serviços públicos, a igreja católica, os clubes sociais, o hospital, as escolas para os filhos dos funcionários, as ruas planejadas, sistema de água, esgoto e energia elétrica funcionando. Do outro lado, a Vila Poty, desajeitada, sem nenhuma infra-estrutura onde moravam os "cassacos" como eram chamados os trabalhadores mais humildes da hidrelétrica.

As obras das escavações dos túneis e construção das usinas tiveram início em Paulo Afonso em 1949 e se estenderam por quase 50 anos, produzindo emprego e renda para milhares de sertanejos.

Das usinas de Paulo Afonso, do pioneirismo de milhares de nordestinos, muitos deles dizimados pela malária e dureza da obra, foi gerada quase toda a energia de que precisa o Nordeste para continuar crescendo.

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A primeira usina da Chesf construída em Paulo Afonso e inaugurada pelo presidente Café Filho em 15 de janeiro de 1955, produzia 180 mil kW de energia elétrica, um exagero para muitos. Mas a demanda obrigou a construção de outras usinas.Vieram a 2ª, a 3ª e a 4ª usinas, além pioneira Usina Piloto, todas em Paulo Afonso e Usina Apolônio Sales, no Estado de Alagoas, na divisa com Paulo Afonso que, juntas, produzem 4 milhões, 280 mil kW.

A elas se juntam as Usinas Luiz Gonzaga, em Petrolândia/PE e Usina de Xingó, na divisa dos Estados de Alagoas e Sergipe,todas do Complexo Paulo Afonso. No total estas Usinas somam 8 milhões, 942 mil kW, ou 86% de toda a energia produzida pela Chesf .

"A história da Chesf é assim. Começou a funcionar em 1948. Um tempo em que o Nordeste ficava pequeno para tanto potencial. A região estava sedenta de novos negócios. E a empresa usou a água do Rio São Francisco para matar a sede do crescimento. Desbravou as imensas montanhas de pedras dos sertões para construir hidrelétricas. Gerou a força necessária para instalação de indústrias, comércio e serviços, fazendo nascer milhares de empregos", é o que traz relatório da empresa.

A presença da Chesf teve e tem uma influência enorme no desenvolvimento de todo o Nordeste onde, em cinqüenta anos, a população saltou de 14 para 45 milhões de habitantes, o índice de analfabetos caiu de 69% nos anos 50 para menos de 30% hoje. Caiu também o índice de mortalidade infantil,de 155 crianças mortas em cada mil para 59 a cada mil. O PIB do Nordeste, que era de 3,5% no início dos anos 50 hoje é de quase 7% (maior que o do Brasil, que é de 6%).

O aumento da oferta de energia elétrica para o Nordeste mudou de 2,1 do Brasil para 14% do que se consome no país e o consumo per capita, passou de 6,2% para 54% do Brasil.

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Essa oferta trouxe mudanças consideráveis na vida econômica da região onde, há cinqüenta anos, 76% do seu desenvolvimento era baseado no setor agropecuário. Hoje, a indústria é responsável por 25%, os serviços por 63% e a agropecuária por apenas 12%, segundo dados da Chesf (2002). Com isso, melhorou a qualidade de vida dos nordestinos, cuja expectativa de vida, que era de 42 passou para 64 anos.

"Existem conquistas no setor elétrico brasileiro que só a Chesf possui. A empresa tem o maior parque gerador de energia e o maior número de hidrelétricas. São 14 usinas e 2 termelétricas com capacidade de produzir 10 milhões e 703 mil kW. Potência para gerar desenvolvimento para uma área de mais de 1 milhão de km2, correspondente a 15% do território brasileiro.

E a força da Chesf vem das águas. As hidrelétricas representam atualmente 96% do parque gerador. A maioria das usinas está localizada no Rio São Francisco. Somando pioneirismo com investimentos, assume o compromisso de ajudar o Nordeste a romper barreiras no século 21 e a ficar sintonizado com a tecnologia, trazendo desenvolvimento para seu povo."

ABEL BARBOSA no cenário político de Paulo Afonso

A necessidade crescentes de investimentos no Distrito de Paulo Afonso, que crescia intensamente a cada dia, a falta de recursos para esses investimentos, centralizados em Glória, as distâncias dos serviços públicos, cartórios, Prefeitura, Câmara de Vereadores, também estabelecidos na sede do município, a 30 quilômetros de Paulo Afonso, somados com os atos discriminatórios dos dirigentes da Chesf que coibiam o livre trânsito dos moradores da Vila Poty no Acampamento da hidrelétrica e a perseguição política que esta empresa fazia com os seus adversários, chegando a demitir empregados como Gilberto Leal por pertencerem ao "grupo de Abel", foram fatores que acirravam a cada dia os ânimos e incendiava a campanha para a emancipação política de Paulo Afonso.

Dentre os pioneiros desse movimento, destaca-se um baixinho, de um metro e meio de altura, natural de Pesqueira/PE, que chegou em Paulo Afonso no dia 4 de setembro de 1950 para o sepultamento do seu pai, João Barbosa da Silva, pedreiro, trabalhador da empresa que construía as casas tipo "O" para a Chesf. Por insistência de sua mãe, Quitéria Maria de Jesus, nome de colégio estadual no bairro Tancredo Neves, "acabei ficando por uns tempos que já duram 54 anos".

Em declaração no livro Paulo Afonso - de Pouso de Boiadas a Redenção do Nordeste, Abel fala de sua atuação política em Paulo Afonso: " Político atuante, eu sempre fui, desde os 14 anos quando trabalhava nas campanhas políticas de Apolônio Sales, Agamenom Magalhães e outros políticos no Estado de Pernambuco, nas cidades de Pesqueira, Canhotinho, Catende e Angelim, de onde vim para Paulo Afonso".

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Aqui, foi o primeiro chefe de escoteiros o que lhe rendeu a alcunha de Chefe Abel.
"A discrimação revoltante entre a cidade da Chesf, dos ricos, e a Vila Poty, dos miseráveis, irmãos separados por uma cerca de arame farpado, que conseguiu ser piorada quando em seu lugar ergueram um grotesco muro de pedras, foi minha bandeira de campanha para vereador pelo Distrito de Paulo Afonso na Câmara de Glória, em 1954".

Nesse ano, quatro candidatos do Distrito foram eleitos: Abel Barbosa, o mais votado, Otaviano Leandro de Morais, que seria o primeiro prefeito de Paulo Afonso, em 1958, Hélio Morais de Medeiros, conhecido como Hélio Garagista e Moisés Pereira de Souza.

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Como político e chefe dos escoteiros, tinha muitos seguidores e era muito querido pelos mais humildes. Contam seus contemporâneos que certa vez um desses casebres humildes da Vila Poty estava em chamas e uma criança estava dentro da casa. Abel pediu que lhe jogassem um balde água, enrolou a cabeça numa toalha molhada e entrou no meio das chamas saindo do outro lado, chamuscado, com a criança viva nos braços. Virou herói.
Abel minimiza seu ato dizendo que "os incêndios nesses barracos eram coisa freqüente."

Outro fato marcante em sua trajetória foi quando, "em pleno gozo dos seus direitos políticos, como vereador, foi impedido de entrar no Acampamento da Chesf, onde estavam todos os serviços públicos de Paulo Afonso, por uma decisão do então administrador da época, Sílvio Quintela" diz José Rudival, um dos abelistas também impedido de entrar na Chesf.. "Já no dia 4 de setembro o grupo de escoteiros dirigido por Abel foi impedido pela Chesf de participar do desfile cívico do dia 7 de setembro, que era organizado pela hidrelétrica."

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E acrescenta Rudival: "Com a proibição da nossa entrada na Chesf, os ânimos se exaltaram. A proibição se estendia a outros abelistas como Pedro Mendes, José Freire da Silva, Ivan Vicente Ferreira e outros. Decidimos então entrar na marra. Abel enrolou-se com a Bandeira do Brasil e seguimos direto para a casa do Juiz, Dr. Hélio Alves da Rocha, que morava próximo à Casa de Hóspedes, na Vila Alves de Souza. Pouco depois da nossa chegada, a casa do juiz estava cercada por cerca de 15 guardas da Chesf, comandados pelo seu chefe, Nilo Fan. O juiz mandou a guarda se retirar e, felizmente, não houve confronto".

O fato chegou ao conhecimento do governador Antônio Balbino que determinou a transferência de órgãos públicos como Banco e Correios para a Vila Poty.

Hoje, afastado da política, Abel é lembrado como um dos grandes líderes e o principal mentor da emancipação política de Paulo Afonso.

A "cidade" da Chesf e a Vila Poty

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Para a construção de suas obras, a Chesf separou o Acampamento da empresa dos arruamentos que foram surgindo na chamada Vila Poty. Esta separação aconteceu, primeiramente com uma cerca de arame farpado que foi, depois, substituída por grande muro de pedras, reforçado por uma cerca de arame farpado, com uma extensão de cerca de um quilômetro, desde a Guarita Principal da Chesf, ao quartel do exército.

A guarita principal tinha três entradas: uma para o Acampamento da Chesf, onde estavam os serviços essenciais para a comunidade como escolas, mercado, cooperativa, feira livre, banco, campo de futebol, igreja católica, posto médico infantil, o COPA. Outra entrada dava para o hospital, os escritórios da empresa e para o Bairro General Dutra. Uma terceira permitia o acesso dos empregados ao imenso canteiro de obras. Além da Guarita Principal, o acesso ao Acampamento da Chesf era possível também por duas outras entradas, uma na chamada Rua "D" e outra junto à Escola Murilo Braga (hoje Carlina).

Vigilantes da própria empresa faziam o controle de acesso a estas áreas assim como todo o serviço de segurança da hidrelétrica, incluindo o acampamento com seus bairros dos operários e dos profissionais mais qualificados, os clube sociais, campo de futebol e áreas das usinas.

A cidade da Chesf foi planejada com um Bairro Operário, chamado Vila Alves de Souza onde moravam os empregados mais humildes. Nela estavam o Clube Operário - COPA -também freqüentado por esses empregados, a Igreja de São Francisco, a Cooperativa da Chesf (o supermercado da época), o mercado público e a feira livre (onde hoje funciona a UNEB), o Banco da Bahia, único da cidade, ao lado do mercado público, as Escolas Murilo Braga (hoje Carlina), Alves de Souza (hoje Direc), Adozindo Magalhães de Oliveira (hoje Montessori), o campo de futebol (hoje Estádio Álvaro de Carvalho), o Posto Médico Infantil (hoje APAE), a Casa de Hóspedes, (para hospedar os empregados menos graduados que chegavam para serviço temporário na hidrelétrica), o Hospital Nair Alves de Souza.

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Em outro bairro, o General Dutra, ficavam as residências dos empregados mais graduados, engenheiros, chefes de repartições. Ali também estava o Clube Paulo Afonso, freqüentado por esses empregados e o Ginásio Paulo Afonso, onde estudavam seus filhos, e a Casa da Diretoria, onde se hospedavam os diretores da empresa, autoridades brasileiras, inclusive presidentes da República que visitavam as obras da Chesf.

Do lado da "cidade" da Chesf, crescia desordenadamente a Vila Poty, sem qualquer urbanização, casas de taipa, outras de alvenaria, ruas sem saída, esgotos a céu aberto, água só nos chafarizes, sem luz elétrica, sem escolas.

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Era chamada de Vila Poty porque grande número de suas casas eram forradas e cobertas por sacos de cimento desta marca, usado em grande quantidade na construção das barragens da Chesf. Do mesmo modo, existe, no lado alagoano, um povoamento da Chesf chamado Vila Zebu, marca do cimento utilizado pela hidrelétrica naquele lado da barragem.

Duas realidades bem distintas existiam naquele tempo. De um lado a "cidade" da Chesf, com casas de alvenaria, modernas, ruas planejadas, jardins, água encanada, luz elétrica, hospital, escolas, clubes sociais, vigilância. Do outro lado, Era a Vila Poty. Separando estas duas realidades, a Chesf e a Vila Poty, a hidrelétrica construiu uma cerca de arame farpado com cerca de um quilômetro, da guarita principal da empresa até o quartel do exército.

Essa separação trouxe muitos dissabores e discórdia entre políticos pauloafonsinos que atuavam como vereadores na Câmara Municipal de Glória, de que Paulo Afonso era distrito, desde 1954, e os dirigentes da Chesf. E surgiram vários movimentos para a emancipação política de Paulo Afonso, o que lhe permitiria ter maiores condições de crescimento e de autonomia em relação à Chesf.

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À frente desses movimentos, os vereadores Abel Barbosa, José Rudival, e D. Risalva e seu esposo Raimundo Toledo, estudantes do Ginásio Paulo Afonso e escoteiros do Chefe Abel.

O rigor do controle de acesso às áreas do Acampamento, naquela época, motivou movimentos políticos que acabaram reforçando a idéia da emancipação política de Paulo Afonso. Acabar com o muro passou a ser bandeira de luta do então vereador Abel Barbosa.

O sonho de Abel, de destruir o muro que separava os pauloafonsinos teve que ser adiado e só se concretizou em sua segunda gestão como prefeito de Paulo Afonso, nomeado pelo Presidente da República, por indicação do Governador Antônio Carlos Magalhães, em agosto de 1979 permanecendo no cargo até 31 de dezembro de 1985.

Destruído o muro da Chesf, "o muro da vergonha", foi criado o calçadão da Avenida Getúlio Vargas que hoje abriga hotel, lojas, restaurantes e bares e se transformou no ponto de encontro dos jovens pauloafonsinos. Um pedaço do muro original de pedras, com cerca de 20 metros, ainda existe ligado ao muro do quartel da 1ª Cia. de Infantaria (Exército), no local onde foi instalado um ponto de ônibus urbano, em frente à Praça D. Jackson.

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Esse muro separatista mereceu monografia de graduação em Comunicação do jovem pauloafonsino, André Luiz O. Pereira de Souza e é tema do vídeo de sua autoria, "Paulo Afonso: um muro, duas cidades", "produzido como projeto experimental, realizado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Radialismo e Televisão, da Universidade Federal de Sergipe, em dezembro de 2002".

A emancipação política de Paulo Afonso

Os primeiros passos para a emancipação política de Paulo Afonso foram dados quando quatro dos nove vereadores da Câmara Municipal de Glória foram eleitos pelo Distrito de Paulo Afonso.

A luta para essa emancipação, apesar da resistência natural dos glorienses e de dirigentes chesfianos, segundo José Rudival , "era irreversível, porque o que se via era o crescimento muito grande do Distrito, superando em muito, o crescimento do município séde, Glória."

Mas, dentro da própria Câmara, lembra Abel, havia veradores como Manoel Moura, líder da situação, que acabou sendo um dos grandes amigos que fiz e que foi um baluarte na defesa, junto aos seus colegas de bancada, da necessidade de apoio para que se conseguisse o número de votos de que precisávamos para que a indicação fosse aprovada e pudesse o processo ser enviado à Assembléia Legislativa da Bahia."

Foram sessões de intensa movimentação na Câmara de Glória, nos dias 8, 9 e 10 de outubro de 1956. Surgiram duas indicações como mesmo objetivo. Uma, de Abel Barbosa e outra de José Ivan de Souza, que acabaram sendo apresentadas conjuntamente. Um dos votantes foi o vereador Moisés Pereira, que mesmo doente fez questão de comparecer e votar pela emancipação. Para isso, segundo o pioneiro Diogo Andrade Brito, Abel providenciou um Jeep para transportar Moisés Pereira e assegurar a sua presença e o seu voto na Câmara de Glória, distante 30 km de Paulo Afonso.
O seu estado de saúde levou a várias interrupções da sessão e, acredita-se que a sua tenacidade tenha influenciado a outros vereadores.

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A Indicação para o desmembramento do Paulo Afonso do Município de Glória foi aprovada e encaminhada à Assembléia Legislativa do Estado da Bahia, no dia 10 de outubro de 1956.

Ali, a atuação dos deputados Otávio Drumond e Batista Neves, ambos do PTB, mesmo partido de Abel, garantiram a aprovação do Projeto de Lei nº 910/57, do deputado Clemens Sampaio, propondo a criação do Município de Paulo Afonso, o que foi aprovado pelos deputados baianos e se transformou na Lei Estadual nº 1.012/58, sancionada pelo governador Antônio Balbino no dia 28 de julho de 1958 e publicada no Diário Oficial no dia 2 de agosto de 1958.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

"A felicidade é um bem que se multiplica ao ser dividido"

TORRADAS QUEIMADAS



"Quando eu ainda era um menino, minha mãe, ocasionalmente, gostava de preparar um lanche, na hora do jantar.
Eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia muito duro de trabalho .
Naquela noite longínqua, minha mãe pôs um prato de ovos, lingüiça e torradas bastante queimadas, defronte ao meu pai.
Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez, foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia, na escola.
Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geléia e engolindo cada bocado.
Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada.
E eu nunca esquecerei o que ele disse:

" - Amor, eu adorei a torrada queimada... só porque veio de suas mãos"

Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada.
Ele me envolveu em seus braços e disse:

" - Companheiro, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada...
Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém.
A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas.
Eu, também, não sou o melhor marido, empregado, ou cozinheiro, talvez nem o melhor pai,
mesmo que tente, todos os dias! O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros.

Desde que eu e sua mãe nos unimos, aprendemos, os dois, a suprir um as falhas do outro.

Eu sei cozinhar muito pouco, mas aprendi a deixar uma panela de alumínio brilhando,
ela não sabe usar a furadeira, mas, após minhas reformas, faz tudo ficar cheiroso, de tão limpo.
Eu não sei fazer uma lasanha de frios como ela, mas ela não sabe assar uma carne como eu.
Eu nunca soube fazer você dormir, mas comigo você tomava banho rápido, sem reclamar e brincávamos juntos durante este tempinho, com sua mãe você chorava, pelo xampu, pelo pentear, etc.

A soma de nós dois monta o mundo que você recebeu e que te apoia,
eu e ela nos completamos.
Nossa família deve aproveitar este nosso universo enquanto temos os dois presentes.
Não que mais tarde, no dia que um partir, este mundo vá desmoronar,
não vai: novamente, teremos que aprender e nos adaptar para fazer o melhor.


De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos, colegas e com amigos.
Então, filho, se esforce para ser sempre tolerante, principalmente com quem dedica o precioso tempo da vida à você e ao próximo.

Penso que, o grande problema do mundo atual e globalizado, é a intolerância pelo ser e o correr incansável pelo ter!

Não ponha a chave de sua felicidade no bolso de outra pessoa, mas no seu próprio.
Veja pelos olhos de Deus e sinta pelo coração dele; você apreciará o calor de cada alma, incluindo a sua.

As pessoas sempre se esquecerão do que você lhes fez, ou do que lhes disse.
Mas nunca esquecerão o modo pelo qual você as fez sentirem-se.

Um bom dia!!! Que Deus nos abençoe!!!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Se escola fosse estádio e educação fosse Copa, por Jorge Portugal

Se escola fosse estádio e educação fosse Copa, por Jorge Portugal
sexta-feira, 10 de junho de 2011

Passei, nesses últimos dias, meu olhar pelo noticiário nacional e não dá outra: copa do mundo, construção de estádios, ampliação de aeroportos, modernização dos meios de transportes, um frenesi em torno do tema que domina mentes e corações de dez entre dez brasileiros.
Há semanas, o todo-poderoso do futebol mundial ousou desconfiar de nossa capacidade de entregar o “circo da copa” em tempo hábil para a realização do evento, e deve ter recebido pancada de todos os lados pois, imediatamente, retratou-se e até elogiou publicamente o ritmo das obras.

Fiquei pensando: já imaginaram se um terço desse vigor cívico-esportivo fosse canalizado para melhorar nosso ensino público? É… pois se todo mundo acha que reside aí nossa falha fundamental, nosso pecado social de fundo, que compromete todo o futuro e a própria sustentabilidade de nossa condição de BRIC, por que não um esforço nacional pela educação pública de qualidade igual ao que despendemos para preparar a Copa do Mundo?

E olhe que nem precisaria ser tanto! Lembrei-me, incontinenti, que o educador Cristovam Buarque, ex-ministro da Educação e hoje senador da República, encaminhou ao Senado dois projetos com o condão de fazer as coisas nessa área ganharem velocidade de lebre: um deles prevê simplesmente a federalização do ensino público, ou seja, nosso ensino básico passaria a ser responsabilidade da União, com professores, coordenadores e corpo administrativo tendo seus planos de carreira e recebendo salários compatíveis com os de funcionários do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal. Que tal? Não é valorizar essa classe estratégica ao nosso crescimento o desejo de todos que amamos o Brasil? O projeto está lá… parado, quieto, na gaveta de algum relator.

O outro projeto, do mesmo Cristovam, é uma verdadeira “bomba do bem”. Leiam com atenção: ele, o projeto, prevê que “daqui a sete anos, todos os detentores de cargo público, do vereador ao presidente da República serão obrigados a matricular seus filhos na rede pública de ensino”. E então? Já imaginaram o esforço que deputados (estaduais e federais), senadores e governadores não fariam para melhorar nossas escolas, sabendo que seus filhos, netos, iriam estudar nelas daqui a sete anos? Pois bem, esse projeto está adormecido na gaveta do senador Antônio Carlos Valladares, de Sergipe, seu relator. E não anda. E ninguém sabe dele.

Desafio ao leitor: você é capaz de, daí do seu conforto, concordando com os projetos, pegar o seu computador e passar um e-mail para o senador Valadares (antoniocarlosvaladares@senador.gov.br) pedindo que ele desengavete essa “bomba do bem”? É um ato cívico simples. Pela educação. Porque pela Copa já estamos fazendo muito mais.

Jorge Portugal é educador, poeta e apresentador de TV. Idealizou e apresenta o programa “Tô Sabendo”, da TV Brasil.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Nesse mundo de trevas e mais trevas devemos ser luzes

"Sempre que acendemos uma luz em um mundo de tantas trevas e sombras, isso incomoda. A luz nos faz enxergar quem somos. Assim, será preferível ao nosso egoísmo permanecer na penumbra, onde nada queremos enxergar. Ficamos, então como a maioria, com os olhos vendados para olhar o que se passa no coração.

Jesus veio ao mundo, pregou e viveu o amor, e com isso incomodou e incomoda até hoje nossas sombras internas. Na tentativa de fugir de nós mesmos, O colocamos em uma cruz."

EU AMO VOCÊS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Mais e mais beijos e abraços afetuosos.Patricia Santos