Oh, Nego!
Quem disse que a escravidão acabou,
Tava enganado, sim senhor!
Continuamos nas senzalas,
Agora mais conhecidas como favelas.
Em barracos, nas encostas à espera,
De um milagre, agradecido à luz de velas.
Nossas pretinhas continuam mucamas
Nas cozinhas das madames sinhás,
e nossos filhos sem futuro nenhum,
se vão na companhia de marginais.
Oh, Nego!
Quem disse que a escravidão acabou,
tava enganado, sim senhor.
E os tais direitos no papel garantidos?
Onde está a tão falada eqüidade?
Continuam sonhos quase que perdidos:
Emprego, escola, saúde e liberdade.
Gememos todos os dias,
Nos açoites da injustiça e da exclusão.
Sem nome, sem respeito, vamos sobrevivendo,
Nesse país de intensa corrupção.
Oh, Nego!
Quem disse que a escravidão acabou
Tava enganado, sim senhor!
Oh, pátria madrasta!
Por que despreza a mão que te construiu
Onde está a tua ordem e teu progresso?
Que ninguém ainda viu.
Oh, pátria, madrasta!
Até quando continuaremos assim?
Hipócritas, insensatos e mentirosos?
Quando essa escravidão vai ter fim?